As festas juninas

Sabe-se que as festas populares permearam e contribuíram para a formação da identidade brasileira. Vividas no tempo e no espaço, elas constituem territórios, reforçam o sentido de lugar e se disseminam por todas as regiões do país.

A festa é, ao mesmo tempo, parte e resultado das práticas do homem na superfície terrestre.
Tais encontros movimentam e produzem o espaço, refletindo as materialidades e imaterialidades. Na festa observam-se as coexistências de modos de vida tradicionais e contemporâneos, do sagrado e profano, da ruralidade e da urbanidade... Nela os pares dialéticos se mostram e se relacionam.
As festas juninas são um dos exemplos, têm um grande apelo turístico e movimentam anualmente milhões de reais. De maio até julho, fogueiras, dança de quadrilhas, forró, quermesses e muita comida regional aumentam o fluxo de turistas e movimentam a economia de diversos municípios brasileiros.Existem duas explicações para a origem do termo "festa junina". A primeira explica que surgiu em função das festividades, principalmente religiosas, que ocorriam, e ainda ocorrem, durante o mês de junho. Estas festas eram, e ainda são, em homenagem a três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Mas outra versão diz que as festas juninas são mais antigas do que todo mundo pensa! Surgiram na Antiga Europa, há centenas de anos. As festas aconteciam durante o solstício de verão para comemorar o início da colheita — por isso tanta comida e bebida — e eram organizadas pelos celtas, egípcios e outros povos.Uma das deusas homenageadas era Juno, esposa de Júpiter, e as festas eram chamadas de “junônias”.
No Brasil, como é de se imaginar, a festa junina foi trazida para o pelos portugueses durante o período colonial. Por coincidência, os índios que habitavam o nosso país realizavam rituais nessa mesma época de junho para celebrar a agricultura e, com a vinda dos jesuítas, as festas se fundiram e os pratos passaram a utilizar alimentos nativos, como mandioca e milho.Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. 
Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas. 
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural de milho verde, milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bom-bocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais. 
O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas.
Já na região Sudeste e principalmente no Vale do Paraíba Paulista, é tradicional a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. Ocorre em todas as cidades Valeparaibanas tanto no centro urbano quanto na zona rural ao longo de todo o mês, sendo fácil encontrá-las pelos roteiros da região.Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, são comuns as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”. Diz a tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
Segundo uma crença católica, Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus Cristo, teria feito uma fogueira para avisar sobre o nascimento de seu filho João Batista. Outras tradições afirmam que as fogueiras afastam os maus espíritos e têm poder de purificação.Há também uma diferenciação no formato das fogueiras. Na festa de Santo Antônio, a fogueira tem formato quadrangular; na de São Pedro, triangular; e na de São João, possui formato arredondado na base, formando uma pirâmide.
Bandeirinhas, fogos e quadrilha, elemento importante nas festas juninas. A dança, feita em grupo de casais, têm origem numa tradição da elite francesa do século XVIII (quadrille). Atualmente, as roupas são uma referência ao Brasil rural de algumas décadas atrás.Há muitos anos, era comum que nas festas juninas as imagens dos três santos do mês (Santo Antônio, São João e São Pedro) fossem gravadas em grandes bandeiras coloridas. Essas bandeiras eram colocadas em água durante evento conhecido como lavagem dos santos. Assim, a água e quem se banhasse com ela estariam purificados. Com o passar do tempo, as grandes bandeiras – ainda presentes em alguns lugares – deram lugar às famosas bandeirinhas em alusão a esse ritual.
No caso dos fogos, diz-se que é outra alusão a São João: serviriam para chamar o santo para o seu aniversário. Assim como as fogueiras, o barulho de bombas e rojões podia espantar os maus espíritos. Acreditando ou não nas superstições, é sempre bom tomar cuidado ao manusear fogos de artifício.
ATENÇÃO: SOLTAR BALÃO É PROIBIDO!
A tradição de soltar balões tem dois significados. Uns dizem que essa prática era usada para avisar que a festa iria começar. Eram soltos de cinco a sete balões para que as pessoas soubessem do início das comemorações. Os mais supersticiosos acreditam que os balões levavam os pedidos para os santos até o céu.
Porém, hoje em dia, eles não são muito comuns, já que soltar balões é proibido em muitos países, inclusive no Brasil. Isso vigora desde 1965, de acordo com o artigo 26 do Código Florestal, porque pode causar incêndios e mortes. Também está no artigo 28 da Lei das Contravenções Penais de 1941. Quem for pego soltando balões pode ir para a cadeia.



Apoio Cultural: